quinta-feira, 30 de julho de 2009

Dot

É engraçado como alguns fatos nos inspiram. Durante esses últimos tempos minha mente estava totalmente bloqueada, não conseguia produzir um verso, sequer. Alguns segundos, no entando, mudaram tudo. Eis o resultado (não será uma coisa bonitinha, ou "normal"... Já estão avisados...)

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Estava só, o que não era algo novo. Tudo à sua volta, de um branco impecável, enfatizava o frio que aquele espaço emanava, e o frio que sentia por dentro. O vácuo não a incomodava, assim como todo e qualquer estímulo, fosse ele físico ou mental. Por alguns instantes, apreciava o silêncio e a sensação de que nada poderia ser mais alvo do que aquele lugar. Branco, limpo, frio e deserto. Ao observar os azulejos e a forma perfeita com que se encaixavam, percebeu um ponto escuro no centro de um deles. Levantou-se, aproximando seu rosto lentamente. Para sua surpresa, tratava-se apenas de uma formiga. Ela se movimentava freneticamente, sem rumo certo, desenhando círculos e linhas nada coerentes. A menina observava, curiosa, cada movimento, prestando atenção nos membros, nas antenas. Como um ser tão insignificante poderia estar caminhando pelas paredes, tão afastada do solo? Delicadamente soprou na direção da formiga, que caiu bruscamente até o chão. Mas não sofreu nenhum dano aparente e continuou caminhando sem rumo, perdida ou abandonada por sua família. Era hora de sair. A menina abriu a porta, apagou a luz e fechou a formiga na sala. Fechou os olhos e adormeceu.

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